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Nota de repúdio da UNE a demolição do Núcleo de Cultura e Extensão da USP

sábado, 4 de fevereiro de 2012



Abusos e agressões inundam o dia a dia de estudantes, funcionários e professores da USP com insegurança. A detenção de três estudantes pela PM, a desocupação da reitoria que culminou com a prisão de 73 estudantes que ocupavam pacificamente o prédio da Reitora contra o convênio da USP com a PM e a agressão bárbara de caráter racista sofrida pelo estudante, Nicolas Menezes Barreto, único estudante negro que ocupava o centro de vivência do DCE, contra o fechamento do espaço estudantil pela Reitoria, sem justificativa alguma e sem mandado judicial, são alguns dos casos mais recentes.

O Núcleo de Consciência Negra na USP – NCN, uma entidade sem fins lucrativos que há mais de 24 anos está localizado no campus do Butantã, sempre lutando pela implementação das Cotas Sócios-Raciais como meio de reparação histórica ao povo negro brasileiro, sofreu mais um ataque recentemente. A tentativa de desocupação do NCN pela Reitoria, sem propôr uma alternativa de espaço para a realização das atividades do núcleo, representa um assalto à busca do compromisso social da instituição com sociedade brasileira e a reparação histórica do povo negro. A Universidade de São Paulo é uma das instituições de ensino superior com menor ingresso popular, assim como é um espaço de pouquíssimo acesso a negros/as. Cerca de 31% da população paulista é afro-brasileira contrapondo o número de ingressos de apenas 14,27%, segundo dados da Fuvest no Vestibular de 2009.

O NCN mantém a Biblioteca Carolina Maria de Jesus, um Cursinho Popular Pré-Vestibular, um Centro de Estudo de Idiomas e organizam oficinas de Teatro e de Comunicação, além de atividades culturais, seminários e palestras sobre a história, as demandas sociais e a cultura afro-brasileira, conforme explica o coordenador do núcleo, Leandro Salvatico, a UNE.

A USP vive hoje um momento onde a truculência e a violação de direitos se intercalam, configurando uma ofensiva direta as atividades políticas e culturais do campo acadêmico, que se pavimentam na avenida de defesa dos direitos humanos, da promoção de igualdade e eliminação do racismo, posto que as atividades do NCN respondem a uma demanda social e fortalecem o processo de disposição e avanço das questões étnico-raciais na sociedade brasileira.

A demolição do Barracão do NCN significa a destruição de um espaço de identificação histórica de lutas constituídas em prol da igualdade racial dentro e fora da USP e concebe um ataque implacável aos que por vias democráticas travam uma batalha desleal contra uma estrutura de poder conservadora e racista.

A Diretoria de Combate ao Racismo da UNE repudia ação por parte da Reitoria da USP de desocupação do espaço histórico de organização do debate e incisão da questão racial na USP pelo Núcleo de Cultura e Extensão, e todas as atitudes que ferem a autonomia e violam direitos da comunidade acadêmica e da população negra.


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