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Resistência, meu sobrenome é negritude!

sábado, 22 de março de 2014



Há 54 anos atrás na cidade de Joanesburgo, capital da África do Sul, as ruas foram invadidas por cerca de 20.000 negros e negras que protestavam contra a lei do passe que os obrigavam a se identificar e limitavam os lugares aos quais eles tinham acesso, momento de resistência, também fora um momento de tragédia, ficando essa data conhecida pelo Massacre de Shaperville, bairro onde houve a morte de 69 pessoas e ferimento de outras 186 pelo exército, ao se manifestarem pacificamente contra o racismo.

Apesar desse e de inúmeros outros episódios odiosos da história da humanidade contra o povo negro, ainda hoje temos no Brasil, um racismo institucionalizado, enraizado em sua estrutura política, econômica e social. Que ocasiona, dentre inúmeros e perturbadores efeitos, a morte de inúmeros jovens negros e negras, principalmente, nas grandes periferias e centros urbanos, chegando a matar mais que muitas guerras civis.

Não é possível deixar de avaliar a nossa realidade conjuntural de exclusão social e marginalização do povo negro.  A política de vulnerabilização social diante das diferenças remuneratórias, da precarização do trabalho, se acentua com a baixa qualidade dos instrumentos públicos figurando centralmente a precarização da saúde e da educação. Uma vez que a demanda por esses serviços apresentam nitidamente um recorte de cor, gênero e classe.

Entendendo o espaço da academia, como um espaço que historicamente fundamentou e deu sustentação a ideologia dos setores conservadores, racista, machista e homofóbico, que a UNE compreende a centralidade da disputa de um novo modelo de universidade que dialogue com o processo de emancipação do povo negro. Assim como entende, que para avançarmos rumo a uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna só será possível através da desconstrução dos pilares que estruturam o atual modelo, ou seja, só será possível a partir do fim do machismo, da heteronormatividade e do racismo.

É a partir disso que nesse dia internacional de combate ao racismo reafirmamos nosso compromisso com a luta de todo o povo brasileiro, um povo que tem gênero e que antes de tudo tem cor. Reafirmamos nosso compromisso com a agenda antirracista na disputa das universidades e de toda a sociedade brasileira e aproveitamos para relembrarmos que aprendemos a resistir desde muito cedo com os negros e negras sequestrados de suas terras e cá escravizados, lição que colocamos em prática todos os dias quando ocupamos as ruas, quando gritamos basta, quando apontamos o rumo que queremos para este país e para o mundo!

Estamos em guerra, “nossa vitória não será por acidente”. Avante povo negro!


Valeu Zumbi!
Valeu Dandara!
Axé!


Diretoria de Combate do Racismo da UNE
21 de março de 2014

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