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A Rota de Extermínio da Juventude Negra Brasileira…

sexta-feira, 11 de março de 2011


Quem se beneficia com tantas mortes?

Há 30 anos o Movimento Negro Brasileiro, denuncia a morte de jovens negros, na década de 60 durante a ditadura militar acredito que inúmeros jovens negros, foram solenemente mortos e torturados, já sob a égide de inimigo público n.01, a própria cor da pele o identificava como um “subversivo” por estar ainda… vivo após a Abolição…

Nos anos 70, a perseguição continua sob a égide da “Segurança Nacional”. Os cabelos no Black Power, calça boca de sino,roupas coloridas, assim eram conhecidos como os “Xibabeiros, Maconheiros” como “Marginais, portadores de Tóxico”.

A Polícia Militar, não só em SP como em outros estados realizaram a maior operação “pente fino”. A Rota – Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, comemorava as ações no combate a violência, com assassinatos em série, de jovens negros trabalhadores, sem passagem nenhuma pela Polícia. O jornalista Caco Barcelos, denunciou, através de seu livro Rota 66 a de forma indistinta de assassinar inocentes em nome da Segurança Pública.

Tais ações muitas vezes eram em conjunto com o Esquadrão da Morte SP, Escuderie Le Coc ES, Mão Branca SP, que deixava um rastro de terror em suas ações em São Paulo, Espírito Santo e Baixada Fluminense, os “presuntos” eram encontrados abandonados em terrenos baldios perfurados de balas. Seus algozes até hoje não identificados.

Durante os anos 80, aliado com a crise econômica, alto índice de desemprego, crescimento desordenado das grandes metrópoles, a redemocratização, e a reorganização dos movimentos sociais, não impediriam que os grupos de extermínios ganhassem cada vez mais adeptos, hoje o que se chama de “Milicia” no RJ, já tinha efetuava as suas funções junto a comerciantes em SP, atuavam nos finais de semana os famosos “Justiceiros” no famoso “Opala Branco, Maverick e Passat” realizavam a sua atividade de “morte aos ladrões, assaltantes”.

Nos anos 90 se ampliou de forma significativa a venda e distribuição de drogas em todo o território nacional, e com ela o recrutamento de jovens negros e pobres nas trincheiras do “Crime Organizado” e a ação de grupos de extermínio passam atuar em várias frentes, a polícia oferece a proteção em troco de propina e participação nos lucros do “narcotráfico”.

Jovens Negros, passam a ter a chance de ascensão social, dentro do Crime Organizado, e em contraponto as ações humilhantes e ultrajantes seguidas dos abusos de autoridade praticada pela policia, o Hip Hop ganha força no Brasil, Surge a Casa do Hip Hop de Diadema, Posses, Aliança Negra, Conceito de Rua, Sindicato Negro, explode Racionais, e o discurso contra a violência policial praticada por policiais, a ação dos grupos de extermínio.

Os ataques frequentes os extermínios de jovens na Baixada Fluminense no RJ, promove a campanha Nacional difundida pelo CEAP, “Não Matem Nossas Crianças“. Nos anos 90 fomos brindados pela efetiva atuação do Pode Público com o ao Massacre da Candelária, Vigário Geral e o Macabro Massacre do Carandiru em 1992. Neste episódio que acompanhei de perto, percorrendo os pavilhões da Casa de Detenção, e os Processos junto a Vara das Execuções Penais de SP,…mais de 70 jovens mortos com tiros na cabeça, só do pavilhão 09, sem ainda terem sido sequem sentenciados. Aguardavam o julgamento.

Pós Durban,

Durante a última década, Pós a Conferência de Durban, os números só crescem, juntamente com as denuncias de prisões arbitrárias, abusos de autoridade e a prática da tortura, praticada por agentes do Estado. A Juventude Negra, passou uma década denunciando, desde o Fórum Social Mundial de 2002, atravessou Conferências, com a mesma pauta, articularam-se criaram o Fórum Nacional da Juventude Negra, realizam a Campanha Nacional Contra a Juventude Negra, ocupam espaços, sofrem o preconceito a discriminação, buscam a justiça para aqueles que são mais um corpo estendi num canto qualquer deste imenso País, um número nas estatísticas nossa de cada dia.

Viúvas do Extermínio

Por outro lado cresce o número das “Viúvas do Extermínio” jovens, mulheres negras, mães que irão criar seus filhos, assim como foram criadas sem Pai, sem nenhum acompanhamento médico, psicossocial, sem absolutamente nenhuma atenção do poder público. Com a pecha de “Mulher de Bandido”

Pneu Nelas..

Porém pouco se fala mas vem aumentando assustadoramente o número de jovens negras mortas, envolvidas nos “Justiçamentos” como queima de arquivo, muitas são queimadas vivas, em pneus, nos famosos microondas, ligadas ou próximas ao Tráfico de Drogas. Crimes que se tornam Inquéritos Arquivados por falta de Provas.

Este é um que ocorre desde os 90 porém como o número de jovens mulheres negras é menor em proporção aos homens devido ao grau de risco e exposição pouco se dava destaque.

O Narcolirismo

Porém o relacionamento amoroso de Jovens mulheres negras com jovens envolvidos no Narcotráfico sob a “Égide do Narcolirismo” e os “benefícios materiais” de estar se relacionando com o “Cara”… na qualidade de namoradas, mulheres, fiéis, ficantes, inúmeras jovens passam a atuar nas ações do “Movimento” de forma “Direita ou Indireta” não só na “Cobertura”. Muitas ocupam lugares chaves na chefia das “Biqueiras ou Lojinhas” nas “frentes” tanto na “contenção” desempenham funções como a de qualquer “Soldado” no Tráfico nos nos famosos “Bondes”. Onde ganham respeito, admiração e oportunidade de ascensão.

Na Atividade

Participam nas reuniões, opinião quanto a forma que será realizada as invasões, e ampliação de novos espaços que promovam a garantia dos rendosos lucros do a assumem a responsabilidade de Gerentes, negociam, traficam, vendem, compram armas, lubrificam, cuidam dos negócios, cuidam da casa, sustentam a família, criam os filhos, e ainda fazem o “corre” quando um de seus companheiros são presos.

Na Grade

Também para estas jovens mulheres negras, o triste fardo, que carregam quando são presas, separadas de seus filhos, quando seus companheiros são mortos e exterminados, ou em guerras de ocupações cabe a elas ocuparem o lugares dos companheiros, para a manutenção da própria sobrevivência até o momento de não serem exterminadas por grupos rivais. A prisão é a alternativa de sobrevivência.

A Epidemia

A Rota do Extermínio da Juventude Negra é ampla, para muitas que tornan-se usuárias de drogas, morrendo a cada dia, perambulando e se prostituindo em busca da “pedra perdida”, o Crack, a quando não vendendo os filhos, para o consumo próprio.

Plano Nacional de Enfrentamento no Combate Letalidade da Juventude Negra no Brasil

Urge, ações para a real elaboração de um Plano Nacional de Combate a Letalidade da Juventude Negra no Brasil, assim quando falamos de “Enfrentamento a Letalidade Contra a Juventude Negra” conhecida como “Extermínio”, temos que ter bem claro qual e quais frentes atacar, quais os Ministérios chaves, qual a participação efetiva do Ministério da Justiça, Ministério da Defesa e o Ministério da Saúde.

O Ministério da Defesa têm um papel fundamental, principalmente no que se refere a vigilância nas fronteiras, na fiscalização da entrada de drogas e armas no território brasileiro, o desafio quanto a questão do “Desarmamento”. Quanto fatura cada a empresa com o fabrico de armas tão potentes, que chegam aos nossos jovens, para que eles se encarreguem de fazer o serviço imundo que os agentes do estado lhes oferece como alternativa de vida.

O Ministério da Saúde, para além do Combate ao Trafico de Drogas, e necessário uma ampliação do Tratamento aos Dependentes Químicos, com acompanhamento familiar de qualidade, não como um “Caso de Polícia” mas como uma Política Pública de Estado voltada para Saúde Pública, articulada com o Ministério da Justiça que deve ser implementado e monitorado pela Sociedade Civil, e os Movimentos Sociais e a Juventude Negra.

O Ministério da Justiça, deverá ampliar as suas ações do Pronasci, com recorte de gênero, raça/etnia, uma vez que urge a criação do Plano Nacional do Egresso do Sistema Penitenciário, bem como a medidas que promovam a implementação de Programas Interno de Desintoxicação de Dependentes Químicos que encontram-se em cumprimento de pena ou aguardando julgamento, com o acompanhamento do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.

A Secretaria Nacional de Segurança Pública

Através do CONASP, deverá acompanhar as ações através do acompanhamento dos indicadores do número de ações que envolvam o uso de armas por parte de policiais através de um sistema de rastreamento de Projétil, num sistema único de uso de armamento.

Facilitando assim os exames relativos a “causa mortis” e a origem do Projétil.

Os números crescem assustadoramente, e vão continuar crescendo, enquanto nós enquanto ativistas do Movimento Negro, nossa responsabilidade é de acompanhar PNDH3 que propõe ações com o objetivo de diminuir ações violentas contra jovens negros, temos que atuar na elaboração do Plano Nacional de Enfrentamento ao Crack.

Caso contrário continuaremos, a ver os números crescendo, e os jovens Pais iram novamente reimprimiram a mesma trajetória de seus Pais, os mesmos com a Jovens Mulheres Negras, as Viúvas do Extermínio, e lamentavelmente enquanto tiverem vivas dirão… Eu não conheci meu Pai, não sei quem ele é… ele morreu, quando minha mãe tava grávida de mim…

Deise Benedito.Bel Direito.

Membro do FENDH – Fórum Nacional de Entidades de Direitos Humanos.

Fala Preta Org.Mulheres Negras.

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