Hoje, dia 20 de novembro, celebramos o Dia
Nacional da Consciência Negra, em homenagem à morte de Zumbi, líder do Quilombo
dos Palmares. Relembrar a resistência à
escravidão do povo negro e refletir sobre a presença do racismo na sociedade
brasileira é tomar consciência da luta histórica por liberdade e justiça e
auferir os desafios para uma sociedade melhor e igualitária
O racismo é uma ideologia estruturante, justificadora
de privilégios que se dão pela opressão de determinado segmento étnico por
outro. Hoje, ainda 70% dos mais pobres são
negros e três a cada quatro brasileiros pertencentes aos 10% mais ricos
são brancos. As mulheres negras são as que recebem os piores salários e as que mais
sofrem com o machismo e racismo. Vivemos uma guerra quase que silenciosa, que
extermina a juventude negra, vitimada pela violência e o racismo institucional,
mecanismos perversos de manutenção de hegemonia. Tais mecanismos são
responsáveis pela concentração de poder politico e econômico a uma elite,
resultando no afastamento da população negra dos eixos de desenvolvimento e
oportunidades e na violação de seus direitos.
Reconhecer o processo de escravidão e de segregação
estendido após a abolição, permite criar condições para que o Estado e os
governos possam desenvolver ações de reparação e promoção da igualdade racial. Nesse
sentido, a mobilização construída pelo conjunto dos movimentos negro e sociais avança,
promovendo o reconhecimento da divida histórica do Estado brasileiro com o povo
negro. A valorização da cultura negra e o combate ao racismo empreendido diariamente
por esses movimentos culminam na Semana da Consciência Negra, que tem por apogeu
o dia 20 de novembro.
Promoção da Igualdade Racial na Educação
Superior pública
Dentre os avanços cravados pelas políticas
educacionais no ensino superior, destacam-se as Ações Afirmativas. Depois de mais
de uma década implementação das cotas raciais,
hoje temos mais de 100 universidades entre estatuais e federais onde
foram criadas condições para que milhares de estudantes negros e negras
ingressassem no ensino superior. A confirmação da constitucionalidade das ações
afirmativas pelo STF e a recente aprovação da Lei de Cotas (lei 12.711-2012),
que destina 50% das vagas em universidades federais para estudantes oriundos de
escolas públicas, com recorte social e racial, representam um marco legal e o
maior aprofundamento na democratização do ensino superior público ao reservar 56
mil vagas a serem disponibilizadas após quatro anos da vigência da lei.
A democratização da universidade vem acompanhada
da necessidade de ampliação e melhoria dos investimentos em permanência. A UNE
defende um piso de R$ 750 mi na assistência estudantil para 2013 e luta para
que possamos superar R$ 2 bilhões, garantido ampliação necessária de recursos
para a reforma e construção de moradias estudantis e restaurantes
universitários, assim como o aumento do numero e o valor das bolsas de
permanência e de mérito acadêmico. Como outro desafio, temos ainda a garantia
de acesso dos/as estudantes negros/as em todos os espaços acadêmicos, como a
pesquisa e pós-graduação.
O IV Encontro Nacional de Estudantes Negros e
Negras e Cotistas da UNE – ENUNE, fórum permanente de auto-organização de
negros e negras da entidade, será lançado entre os dias 18 e 21 de janeiro,
durante o Congresso de Entidades de Base – CONEB da UNE, na cidade de Recife.
Lutamos por uma sociedade multiétnica, livre
do racismo, do machismo, e da homofobia. Reafirmamos nosso compromisso com a construção
de uma universidade e uma educação socialmente referenciada, anti-racista,
plural e popular.
Frente a esses grandes desafios e às profundas
desigualdades raciais a serem superadas, a União Nacional dos Estudantes não
festeja o 20 de novembro, mas celebra a luta e a historia de Zumbi e todo o
povo negro brasileiro.
Valeu Zumbi!
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